quarta-feira, 6 de maio de 2015

Capitulo 7

Anteriormente...

Joe espalhou a loção sobre a pele queimada e espalhou-a devagar, fingindo não ouvir o suspiro de alivio que escapou da garganta de Demetria. Devagar, continuou massageando toda a região avermelhada. Demetria sabia que não suspirava de alivio. Ao longo dos anos, aprendera a esquecer que Joe era seu ideal de homem, mas em momento como aquele, tudo era mais difícil. Sentia-se culpada por conta do sentimento. Joe estava sofrendo, trabalhando como um lunático, e ela se deixava consumir pela luxúria. Era melhor nem pensar nisso. Todos os outros homens com quem saíra haviam sido comparados a Joe, e nenhum deles passara no teste. Começara a desejá-lo no ginásio com a intensidade típica da adolescência. Depois, já adulta, esquecera a paixão e concentrara-se na amizade. Mas quando as mãos acariciavam suas costas... Bem, esquecia de esquecer e voltava a arder de desejo. Droga! Por que tinha de torturar-se daquela maneira?

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- Obrigada - disse, baixando a camiseta e recuperando a loção. Havia suportado tudo que podia. Como dissera a Joe, nunca foi masoquista. Tentando demonstrar alegria, sugeriu: - Que tal um cinema essa noite? Além de estar dolorida, descobri que passar o dia todo sem fazer nada é cansativo. Podemos assistir a um bom filme e depois dormir.

- Podemos assistir a um bom filme sem sair do quarto. A tv a cabo tem exibido grandes produções.

- Vejo que esqueceu mesmo do significado da palavra diversão.

- Por que considera mais divertido ir ao cinema do que ficar aqui e desfrutar do quarto que Chad pagou pra nós?
Se não tivesse certeza de que Selena havia guardado segredo, Demetria teria pensado que ele descobriu todo seu plano. Mas Joe não podia saber nada. 

- Vejo que tenho sido uma amiga muito relapsa. Sabia que estava perdendo a habilidade de divertir-se, mas nunca imaginei que estivesse envelhecendo antes da hora. Felizmente estou aqui para ajudá-lo a passar por isso.

- Tem certeza de que não prefere ficar aqui?

- Ei, eu o convidei para ir ao cinema, não para conhecer a guilhotina. Se for um bom menino, te prometo comprar alguns doces!

- Oh... nesse caso, mal posso esperar para saciar meu açucarado apetite.

Gostaria que ele tivesse outros tipos de apetites mais adultos. Mas levara Joe ao hotel pra que ele pudesse relaxar, não para tirar proveito da situação e satisfazer certas curiosidades. Podia controlar-se. Tinha anos de experiência.

- Comprei os ingressos - Demetria anunciou ao encontrá-lo na fila da lanchonete.

- Ótimo! Mal posso esperar para ver sangue e morte.

- Era minha vez de escolher o filme.

- Oh, não! Você me fez assistir aquele drama romântico na televisão há duas semanas.

- Isso não conta. Não saímos pra assistir aquele filme. Na última vez que fomos ao cinema, você escolheu uma dessas produções violentas e angustiantes.

- Nem me lembro da última vez e que fomos ao cinema

- Pois eu me lembro, e foi você quem escolheu o filme.

- O que vamos ver?

Demetria deu um passo à frente na fila e mostrou os ingressos.

- Vamos assistir aquele filme sobre o casamento de três irmãs.

- Uma comédia? Demi, preciso de sangue e ação!

- Creio que uma das irmãs sofre um acidente, o que talvez significa que haja um pouco de sangue.

- Não quero ver um nariz quebrado. Quero armas modernas e explosões violentas. Suor e testosterona, entende? É isso que um homem aprecia num bom filme.

- Bem, na próxima vez você escolherá, e prometo suportar o suor e a testosterona. Mas essa noite veremos algo que possa nos fazer rir e chorar.

- Homens de verdade não choram. 

Demetria sorriu. Conhecia a verdade sobre Joe, mas também sabia que era tolice comentá-la. Como homem, ele odiava ouvir alguém apontando suas fraquezas. Demetria não as via como fraquezas. Adorava quando ele começava a choramingar numa cena mais romântica ou dramática, mas sabia que ele ficaria furioso com um elogio tão desprovido de testosterona. 
- Bem, então não tem com o que se preocupar. Você pode ficar com o riso e eu com o choro.

- O que vão querer? - perguntou a balconista da lanchonete.

- Um grande pacote de pipocas com manteiga. Um refrigerante gigante e uma caixa de bombons de licor, por favor - Demetria completou o pedido e fitou-o com ar de expectativa.

- E jujubas - Joe acrescentou.

A jovem foi providenciar todos os itens, e ela afagou seu braço.
- Por que fez isso?

Sorrindo, pensou em Chad, o ex-namorado que não sabia comprar confeitos na porta do cinema ou escolher o jantar.

- Porque senti vontade

Uma hora e quarenta e sete minutos depois, consumidos todos os bombons, as pipocas, as jujubas e o refrigerante, Joe e Demetria saíram do cinema.

- E então? Não foi melhor do que sangue e testosterona? - ela perguntou

Joe soluçou. Estava repetindo o som suspeito há meia hora.

- Não - resmungou

- Mentiroso..

- Gosto de filme de ação!

- Oh, eu sei que sim. Mas não odeia filmes românticos e engraçados, como quer fazer o mundo acreditar.

- Está abusando da sorte Demi

- Que medo! - seguindo pela alameda principal do hotel, tomou o caminho da praia.

- Devia estar com medo - Joe ameaçou.

- Por que? Sei que jamais conseguiria me pegar - e começou a correr. Não houve nenhuma resposta, o que a deixou nervosa. Estava acostumada com os gritos de Joe  e suas ameaças vazias, mas silêncio indicava perigo. Olhou por cima do ombro no exato momento em que ele a alcançava - Joe! - gritou apavorada.

- Viver perigosamente é divertido, mas tem um preço - ele anunciou, segurando-a pela cintura com as mãos de ferro. Rindo, jogou-a sobre o ombro. Ah, como sentira falta daquele som. O riso franco parecia ser capaz de mudar o mundo.

- O que vai fazer? - Demetria perguntou

- Já ouviu falar em vingança? - e jogou-a longe. Quando percebeu o que estava acontecendo, ela já mergulhava no mar. A água era morna, mas fazia arder a pele queimada de sol.

- Joe! - Demi gritou.

De joelhos na praia, ele ria como se pudesse perder o fôlego a qualquer momento. Bem, o jogo da vingança havia sido criado pra dois participantes. Depois de emitir um grito agudo e convincente, ela desapareceu sob a superfície da água. Mantendo-se próxima da areia, nadou com movimentos vigorosos e confiantes. Quando ficou sem ar, retornou à superfície sem fazer barulho e encheu os pulmões. Lá estava ele, com água na altura da cintura, gritando seu nome. Joe mergulhou, e segura, Demetria nadou atrás dele.

- Demi, onde você está?

- Bem aqui - ela gritou, saltando e atirando-se contra suas costas. Os dois caíram e levantaram tossindo, tentando respirar.

- Francamente, Demi. Você acaba de roubar dez anos de minha vida! - segurando a cintura fina, afundou-a na água e esperou que voltasse à superfície quase sufocada para continuar - Repita comigo: Nunca mais vou assustar Joe.

- Não!

Ele a afundou novamente

- Repita

- Não! Você mereceu por ter me jogado no mar. - Mais um mergulho forçado - Joe! - gritou, rindo e tossindo. - Lamento tê-lo assustado.

- Não parece estar lamentando.

- Mas estou. Não que não tenha merecido. - acrescentou.

Joe parecia estar considerando o pedido de desculpas, e Demetria preparou-se para o golpe fatal. Usando uma das pernas, atingiu a região posterior do joelho esquerdo. Ao sentir que ele se dobrava, puxou a perna e derrubou-o. 

- Vai continuar fazendo ameaças? - perguntou ao vê-lo erguer-se

- Está ultrapassando todos os limites, mocinha.

- É MESMO? Pois nem imagina como ainda posso correr - gritou, movendo-se tão depressa quanto permitia a situação. Joe a seguia de perto. 

Ainda estavam rindo quando chegaram ao quarto. Joe se divertia, e isso a deixava feliz. Havia sido essa parte da própria personalidade que ele esqueceu, a parte que Ashley roubara, a parte que queria ajudá-lo a reencontrar. A parte brincalhona e divertida. Além de Ashley, nos últimos anos, os casos defendidos por ele na Ericson e Roberts haviam se tornado mais complexos, e Joe abrira mão dessa porção de sua natureza. Demetria sentia falta dela.

- Você não joga limpo não é? - ele perguntou ao sair do banheiro enxugando os cabelos.

Demetria sorriu. Rápida, passou por ele e entrou no banheiro, trancando a porta em seguida.

- Eu tomo banho primeiro. E quanto a sua pergunta, a resposta é não.

O som do riso franco atraiu os olhos de Joe para a porta. Aquelas férias eram tudo que precisava. O fato de Demetria saber disso, de ter ido tão longe pra levá-lo até ali... O pensamento aquecia como nenhum sol tropical podia ter feito.
Não conseguia lembrar a última vez em que sentira tão... relaxado? Não. Cenas nítidas invadiram sua mente. As costas queimadas de Demetria quando espalhara a loção refrescante, a expressão entusiasmada com que saiu da água, a luz enfatizando seus traços... Sempre pensou nela como amiga, uma companheira, mas nos últimos tempos a poção ia perdendo força. De repente se dava conta de que Demetria era uma mulher. E uma mulher espetacular. Não. Relaxado não era a palavra ideal pra descrever o que sentia. Vivo. Sim, era isso. Passou anos tentando encontrar soluções com Ashley. Lembrava-se de ter pensado que o amor não devia ser tão difícil. Se o que sentiam fosse real, como ela teria conseguido passar meses viajando pelo mundo? E por que sempre aceitara as viagens sem protestar? Por que haviam mantido o relacionamento num nível informal, sem assumir compromissos como noivado e casamento? E quando Ashley quebrou a perna e ficou impossibilitada de viajar, os dois foram forçados a enfrentar a realidade. E chegaram à mesma conclusão: o que sentiam não era amor. Era comodismo, familiar até, mas não era amor. Trabalhava para uma firma de respeito, fazendo um trabalho que não despertava seu interesse. Pertencia ao clube ideal, frequentava os melhores círculos, enfim, fazia tudo que era considerado adequado para um advogado em início de carreira. Mas era penas trabalho. De repente tinha a sensação de que durante toda a vida esteve se esforçando por um ideal. No colégio, trabalhou duro para chegar na universidade. Na universidade, estudou muito pra ser aprovado no exame da ordem. Depois pra entrar na melhor firma. Depois pra progredir e conquistar a sociedade. Estava próximo de galgar mais esse degrau, mas cansado demais de tanto esforço. Quando Ashley partiu, percebeu que pagou um preço alto por sua mente obstinada. Ingressou na carreira disposto a fazer alguma diferença na vida de outros seres humanos. Queria consertar o errado, resgatar os oprimidos, mas acabou por analisar contratos intermináveis. Agora estava naquela ilha paradisíaca com a melhor amiga, mas as coisas haviam mudado entre eles. Só precisava descobrir o que devia fazer a respeito dessa descoberta.


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5 pra próxima...



domingo, 25 de maio de 2014

Capitulo 6

Anteriormente...

- Porque mentiu?

- Porque jamais teria permitido que eu gastasse dinheiro com você, embora tenha sido uma oferta especial, porque é mui... muito antiquado. Mas eu sabia que precisava sair da cidade. Então, quando Selena me deu o dinheiro e você concluiu seu caso, soube que estava recebendo um sinal - Ela riu novamente e grandiu o dedo diante do nariz - Sei que não acredita em sinais, mas está errado. Houve um tempo em que também não acreditava na influencia negativa numa 6ª feira treze. De qualquer maneira, nunca perceberá quando foi manipulado, porque é um homem, eu sou uma mulher, e isso me torna mais ardilosa.
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  Demetria acordou com um ruído estranho. Alguém estava matando um gato em algum lugar, pensou sonolenta. Por que alguém haveria de assassinar um pobre gatinho, e por que o faria de maneira tão ruidosa? Abriu um olho, uma tarefa difícil, porque as pálpebras pareciam estar coladas. A luz a cegou, mas o barulho a fez ignorar o desconforto. Demetria abriu o outro olho. Onde estava? Essa era a primeira coisa que precisava descobrir. E a segunda era quem fazia aquele barulho terrível. Olhou em volta, notou que estava em um quarto e lembrou... estava de férias em Amore Island... O que significava que o barulho terrível só podia ser... Joe que estava cantando Opera. Ou tentando cantar Opera. Infelizmente, não estava se esforçando muito. Mesmo assim, ela sorriu. Joe cantando Opera, ou pretendendo cantar, só podia significar uma coisa: ele havia relaxado. Por isso montara um plano elaborado, para afastá-lo do trabalho ajudá-lo a esquecer os problemas. E pelo visto obtinha resultados positivos. Oh, sim, tinha um divida de gratidão com Chad. Ele oferecera a desculpa que ela precisava.
  Demetria sentou-se, mas voltou a deitar-se com rapidez espantosa. O que Joe fizera com ela? Lembrava-se vagamente de estarem prestes a sofrer um acidente aéreo. Joe sugerira um drinque... e tudo começou a ficar confuso a partir dessa lembrança. Imagens nubladas sobrepunham-se numa sucessão sem sentido. O rosto da comissária de bordo, o de Joe, Ashley... Ashley? Não. Devia ter sofrido uma alucinação. Levara Joe para a ilha a fim de fazê-lo esquecer Ashley. Talvez o avião houvesse mesmo caído e estivesse ferida. Isso explicaria a dor de cabeça. Concussão. Não, a dor de cabeça devia ser resultado do excesso de álcool que tomara graças ao incentivo de Joe. Tinha lembranças confusas de sua chegada ao hotel. Recordava-se de um saguão com uma cachoeira... Seria possível existir uma cachoeira no saguão do hotel... ou também teria alucinado essa parte? Demetria examinou melhor o conteúdo da memória. Fora carregada por Joe. Depois ele havia desabotoado sua blusa... A dor de cabeça ganhou intensidade e ameaçou roubar-lhe as forças. O que fizera? Melhor ainda, o que Joe havia feito com ela enquanto estava embriagada? Espiou sob as cobertas e sentiu-se enjoada. Gemendo, Demetria fechou os olhos e lamentou as conseqüências da excessiva ingestão de álcool. Deixara o melhor... bem, não deixara. E nem ele era seu melhor amigo, ou não seria responsável pelo estado em que se encontrava. A lamentável  tentativa de cantar Opera chegou ao fim, e o objeto de sua reflexão surgiu de trás de uma porta.

-  Ah, está acordada - ele apontou com um sorriso que a desarmou.

-  O que você fez?

Joe franziu a testa.

-  Como assim?

Ela olhou sob as cobertas novamente para ter certeza do que ia dizer.

-  Combinamos que dormiríamos no mesmo quarto, mas ninguém disse que ficaríamos na mesma cama. Onde estão minhas roupas, e em que estava pensando quando... quando.. - Não podia concluir a frase. Pensar no que haviam feito, nas implicações do incidente para a velha amizade... Era terrível demais para que pudesse expressar com palavras.

-  Fale, Demi. O que está pensando?

Sentia o rubor que tingia seu rosto e não podia fazer nada para evitá-lo. O embaraço alimentou a ira.

-  Quando fez o que quis comigo.

-  Não fiz nada do que está insinuando.

-  Fez. Lembro que me trouxe para o quarto e desabotoou minha blusa.

-  Mas não se lembra de ter gritado que era capaz de despir-se sozinha? Nem de ter unido a ação às palavras?

Sem desvia os olhos dele, Demetria balançou a cabeça.

-  Nem se lembra de que eu saí do quarto enquanto você tirava a roupa?

Mais uma vez, ela balançou a cabeça.

-  Ou de que retornei meia hora mais tarde e dormi no chão, sobre um cobertor?

O alívio era como uma onda quente invadindo suas veias. Ele não... ele não...

-  Desculpe. O problema é que acordei com a sensação de que aquele maldito avião havia pousado sobre minha cabeça, e tudo era muito estranho... Irreal. Então descobri que estava nua e...

-  Tudo bem, está perdoada - Joe respondeu com simplicidade. Com muita simplicidade - Por que não toma ducha e os dois analgésicos que deixei sobre a bancada do banheiro. Quando terminar, o café já estará aqui.

Pensar em comida fez seu estômago enfrentar uma turbulência pior do que tudo que havia experimentado no dia anterior.

- Duvido que eu consiga comer.

- Vai se sentir muito melhor com o estomago cheio. Confie em mim!

Demetria não acreditava que pudesse sentir-se bem algum dia, mas não discutiu com Joe.

- Vire-se de costas para que eu possa correr para o banheiro.

- Certo - ele concordou, olhando para o oceano além das portas de vidro.

- Não tente espiar - Demetria o preveniu, enrolando-se no lençol que arrastou para o banheiro.

- Juro que não.

Ela se moveu tão depressa quanto permitia a cabeça latejante, sem se dar conta de que Joe podia vê-la refletida no vidro. Sua atitude não havia sido de um cavaleiro, mas não conseguia se conter. Ela fora tão confiante ao longo da noite! Ainda lembrava da sensação de tê-la nos braços a caminho do hotel, no táxi e até no quarto, e havia sido uma sensação muito agradável. Pensara muitas coisas sobre Demetria ao longo dos anos, mas ela sempre fora uma amiga. Uma donzela que ocasionalmente resgatava no papel de cavaleiro medieval. Nunca pensara nela como mulher, como alguém com quem pudesse ter um relacionamento íntimo. Na noite anterior havia percebido que Demetria era uma mulher, e desde então não conseguia pensar em outra coisa.

Uma hora mais tarde, já sob o efeito do analgésico e do estomago cheio, Demetria sentia-se viva outra vez.

- O que faremos hoje? - Joe perguntou

Ela estava sentada à mesa ao lado da janela. A vista do quarto era maravilhosa. Céu azul, água cristalina banhando a areia branca... Um paraíso à disposição deles.

- A ideia é não fazer nada - disse

- Ninguém pode passar o tempo todo fazendo nada.

- Eu posso - Sempre tivera a sensação de que faltava algo nela. Não tinha grandes ambições, nem sonhava ser milionária. Adorava criar vestido, desenhá-los e até costurá-los, mas nunca imaginara seu nome nas passarelas de Nova York ou Paris. Estabelecer-se no mercado de LA era tudo que esperava conseguir. Mas, quando não estava na loja, não só conseguia ficar sem fazer nada, como apreciava o ato.

- Muito bem, onde vamos fazer nada? - Joe persistiu, o tom indicando que ainda não a levava a sério.

- Na praia, é claro. De que adianta viajar a uma ilha paradisíaca e ficar fazendo nada no quarto? - Oh, sim, Joe aprenderia uma ou duas lições sobre a arte de não fazer nada. Ela estava trabalhando como um louco desde que Ashley partira, e já era hora de parar. Enquanto ainda podia. Pensar em Ashley a fez franzir a testa. Não só o faria relaxar, como o faria rir novamente. Tomaria providências para isso.

- Bem, se vamos à praia fazer nada, então estaremos fazendo alguma coisa - o eterno advogado era incapaz de resistir ao chamado de uma boa argumentação - Você vai tomar sol, eu vou ler...

- Espero que tenha trazido boa literatura, porque se tentar levar um único processo que seja para aquela praia, juro que não serei responsável por meus atos.

- Fique tranquila. Trouxe apenas livros voltados para o lazer, conforme ordenou, senhorita - Ele a provocava... ria como um tolo e tentava irritá-la com suas brincadeiras bobas, como se ainda estivessem no ginásio. E Demetria adorava isso.

- Sorte sua!

- Eu não ousaria desobedecê-la. Notei o brilho em seus olhos quando anunciou as regras do jogo.

- Eu não anuncio regras. Apenas faço sugestões... às vezes com veemência. E de que brilho está falando?

- Oh, você sabe! Sempre tem a mesma expressão quando está determinada a impor seu ponto de vista. De qualquer maneira, trouxe apenas bons livros e nenhum processo.

- Ótimo, que tipo de livros?

- Contos sobre o velho oeste. - Ele apontou uma arma imaginária em sua direção e ajeitou um chapéu também imaginário.

Demetria riu.

- Que autor escolheu?

- John Legg. Ele sempre foi meu preferido. Mesmo quando está escrevendo sob um pseudônimo, tento encontrar sua obra. Há alguns anos, não tenho lido nada além de contratos e processos, e por isso saí procurando pelos livros que havia deixado de comprar.

- Deixou de fazer muitas coisas nos últimos anos, especialmente nos últimos meses - Percebendo que assumia o tom de voz de uma mãe severa repreendendo o filho pequeno, decidiu recuar - Mas esta semana será diferente - Sorrindo, tentou suavizar a voz e conter o impulso de dar algumas ordens. Joe tinha uma tendência para tornar-se defensivo quando acreditava estar perdendo o controle - Vamos nos divertir!!

- Vamos?

- Oh, sim! Considere essa semana como um curso intensivo. A lição de hoje será: Como fazer nada e divertir-se muito com isso.

- Parece complicado...

- É muito simples. Só exige um frasco de bronzeador, alguns livros e duas toalhas.

- E os trajes de banho? Por acaso são opcionais nessa praia?

- Mesmo se fossem nos usaríamos os nossos.

- Oh... - Joe suspirou desapontado - Você sabe como arruinar as chances de diversão de um homem.

- Sempre ouvi dizer que é bom manter uma dose de mistério. Por que não aproveita para olhar as mulheres na praia? - Era maravilhoso. Joe estava brincando, relaxado e feliz. O plano estava funcionando.

- Quer que eu aprenda a divertir-me, e a primeira lição será olhar pras mulheres na praia? Uau! Estou começando a gostar dessa viagem.

- Eu disse olhar, não tocar. Lembre-se de que este é um hotel para casais, e todas as pernas, e outras partes que quiser admirar, estarão ligadas não só a um corpo, mas a outro corpo que pertencerá a um homem.

- Desmancha-prazeres.

- Realista! - Nem sempre fora assim. No ginásio tivera grandes sonhos. Mas, ao longo dos anos, descobrira que nem todos poderia ser realizados, e assim também aprendera a aceitar a vida como ela se apresentava. De repente lembrou-se da etiqueta Demetria Lovato que estaria esperando por ela quando retornasse das férias. Talvez alguns sonhos fossem possíveis. Olhou para o homem de cabelos escuros perto dela. Talvez ele se curasse do rompimento com Ashley, e então outros sonhos teriam uma pequena chance.

- Ei, você é a pessoa menos realista que conheço.

- Não sou!

- Demetria, você nunca viveu no mundo real.

Ela se virou de costas. Era inútil discutir. Joe sempre a considerara incurável e duvidava de que algo pudesse mudar esse ponto de vista. Para ser honesta, não desejava mudá-lo. Quem era ela para negar a um grande amigo o prazer de bancar o cavaleiro medieval?
Permitiria que ele a resgatasse. Joe nunca enxergara a realidade, e não pretendia explicá-la àquela altura do campeonato. Era quase egoísta. Se ele a resgatasse, ao menos estaria em sua vida de alguma maneira. Ashley deixara claro que ela não era mulher o bastante para ameaçá-la. Joe nunca a vira desta forma. Era apenas uma parceira, alguém com quem podia passar o tempo quando Ashley partia em uma de suas constantes viagens. E por mais que a atitude de irmão mais velho a incomodasse as vezes, Demi aprendeu a suportá-la.

- Venha, estamos perdendo tempo - disse

- Pensei que o objetivo fosse justamente desperdiçar o tempo.


- Na praia. Vamos perder nosso tempo na praia, está bem? 

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   No final da tarde, Demetria olhou-se no espelho do banheiro. Fazer nada era mais perigoso do que havia imaginado.

-  E então, vai passar a noite ai dentro? - Joe perguntou do outro lado da porta.

-  Talvez - sentada na beirada da banheira, olhou para as roupas que deixara sobre a bancada. Não podia vesti-las e também não podia sair dali sem elas. A nudez da noite anterior havia sido compreensível, mas não pretendia adquirir o hábito de ficar nua perto de Joe.

-  Não pode ser tão ruim - ele insistiu.

Demetria soluçou e limpou o nariz com um lenço de papel.

-  É pior!

Olhou para as roupas. Preferia sentir dor a passar o resto da viagem trancada no banheiro. Não conseguiria vestir o sutiã sobre a pele queimada de sol, mas a camiseta causou um sofrimento suportável. Talvez tivesse motivo para ficar feliz com a ausência de certos atributos. Ninguém notaria que estava sem sutiã, ou sim, que seja. Decidindo que a calcinha seria igualmente intolerável, vestiu os shorts folgado e respirou fundo.

-  Usou a loção que lhe deram na enfermaria, Demi?

-  Mais ou menos

-  Como assim?

-  Não consegui alcançar todos os lugares

-  Ah... precisa de ajuda?

Ela abriu a porta.

- Você nem ficou vermelho! - acusou-o ressentida

- Você sabe que nunca me queimo.

- Não parece justo...

- Vamos, me dê a loção.

Demetria entregou o frasco e virou-se

- Não consegui alcançar o meio das costas. Espalhei o creme no alto e embaixo, mas nem todo o contorcionismo do mundo foi suficiente para que meus dedos tocassem a área central. - Erguendo a metade posterior da camiseta, segurou a outra parte sobre o umbigo.

- Não está usando sutiã?

- É claro que não. Sei que às vezes sou meio esquisita, mas nunca fui masoquista. Tem idéia do que aquelas alças teriam feito comigo?

Joe espalhou a loção sobre a pele queimada e espalhou-a devagar, fingindo não ouvir o suspiro de alivio que escapou da garganta de Demetria. Devagar, continuou massageando toda a região avermelhada. Demetria sabia que não suspirava de alivio. Ao longo dos anos, aprendera a esquecer que Joe era seu ideal de homem, mas em momento como aquele, tudo era mais difícil. Sentia-se culpada por conta do sentimento. Joe estava sofrendo, trabalhando como um lunático, e ela se deixava consumir pela luxúria. Era melhor nem pensar nisso. Todos os outros homens com quem saíra haviam sido comparados a Joe, e nenhum deles passara no teste. Começara a desejá-lo no ginásio com a intensidade típica da adolescência. Depois, já adulta, esquecera a paixão e concentrara-se na amizade. Mas quando as mãos acariciavam suas costas... Bem, esquecia de esquecer e voltava a arder de desejo. Droga! Por que tinha de torturar-se daquela maneira?

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5 pra próxima...

sábado, 5 de abril de 2014

Capitulo 5



Anteriormente...

Joe a viu terminar de comer e teve a sensação de ter perdido uma batalha que nem sabia estar disputando. Demetria vencera o 1º turno!
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 Demetria passou pela porta da Encore, ansiosa para contar a alguém sobre o sucesso de seu plano. A loja estava vazia, e ela seguiu para o escritório, onde Selena Gomez, sua chefe, trabalhava com afinco.


- Selena, eu consegui! - anunciou, sentando-se na cadeira diante da mesa da proprietária - Oh, dessa vez eu consegui!

A morena de proporções delicadas desviou os olhos dos papéis espalhados pela mesa.

- Ele caiu no truque?

- É claro que sim! Partiremos amanhã para uma semana de férias, e Joe ainda nem sabe como tudo aconteceu

- Demi, um dia ele vai perceber como o manipula

- Nunca. Faço a mesma coisa desde que éramos crianças. Ele nunca percebeu nada. - Sentia-se bem. Mais do que isso se sentia ótima. Convencera Joe a tirar férias e entregar-se ao descanso que tanto merecia. A pequena mentira que contara fora mais do que justificada.

- Um dia vai ultrapassar o limite, e então...

Demetria riu da idéia.

- Selena, Joe está sempre tão ocupado tentando me salvar de mim mesma, que nunca vai perceber o que faço. Ele nunca saberá de nada, a menos que uma de nós conte a verdade. E não vamos dizer nada a ele, certo?

Selena suspirou e empurrou os papéis para o lado.

- Certo

- Ei, há algo de errado aqui. Consigo convencer um de vocês a tirar férias, e o outro ameaça entrar em colapso. Porque está tão tensa?

- Porque odeio a parte burocrática do trabalho

- Então a deixe em uma gaveta. Eu cuidarei de tudo quando voltar.

Demetria não gostava de cuidar dos registros e da contabilidade da loja, mas o trabalho não a aborrecia tanto quanto parecia incomodar Selena, e por isso era ela quem cuidava dos livros fiscais da Encore.

- Na verdade, já terminei tudo - Selena pegou uma folha de papel e entregou a Demetria - É melhor aproveitar as férias, porque sua carga de trabalho acaba de crescer muito.

As mãos dela tremiam enquanto olhava o papel.

- Está falando sério?

Uma rosa pequenina surgia ao lado de seu nome. Demetria Lovato. Sua própria linha de vestidos. Era um sonho que se realizava. Não havia mentido quando dissera a Joe  que adorava o que fazia e acordava animada para ir trabalhar. Gostava das pessoas e do atendimento personalizado oferecido pela Encore. Gostava de fazer uma cliente feliz, de vesti-la com elegância e exclusividade... Mas tinha sonhos maiores.  Suas próprias criações. Criar uma linha de vestidos era um sonho que se encaixava perfeitamente na vida que construirá para si mesma trabalhando para Selena. A Encore era uma loja bastante eclética com uma clientela leal e crescente. Não vendiam apenas vestidos antigos, mas reproduções e, até aquele momento, alguns poucos originais de Demetria. Mas agora esses desenhos alcançariam o status de uma coleção própria. Uma etiqueta. Tentara a universidade. Depois estivera em uma dúzia de empregos diferentes, até encontrar o anuncio de Selena no jornal. A loja precisava de alguém que soubesse vender e costurar. Aperfeiçoara as suas qualidades sob a supervisão atenta de Selena, e atualmente era uma especialista. Olhou para o logotipo da nova etiqueta. Aquele era o resultado de muito trabalho e de um sonho.

- Tem certeza de que vai dar certo? - perguntou. A possibilidade do fracasso era a parte mais assustadora de realizar um sonho.

- Demi, sabe como as pessoas se interessam por seu trabalho. Lavander Brown não descansou enquanto não conseguiu uma de suas criações para usar na entrega do premio em Tenessee. Ela faz parte da Liga Nacional Feminina de Basquete e poderia ter escolhido qualquer estilista, mas preferiu você.

- Minha etiqueta - Demetria sussurrou. Depois elevou o tom de voz e levantou-se da cadeira. - Minha etiqueta!

- Ei, sua etiqueta vai estar esperando quando voltar para casa na semana que vem. Não vai ser fácil, mas quero que esqueça tudo isso. Neste momento, temos de ir às compras.

- Compras? Por que? - Demetria quis saber.

Selena já a levava para fora do escritório

- Vai passar uma semana em uma ilha romântica com um homem, e ainda pergunta? Precisa de roupas novas.

- É só Joe.

Selena fitou-a com uma expressão estranha e indefinível

- Sim, mas serão apenas você e ele por uma semana

- Mas...

- Encare as férias como uma oportunidade de promover a Encore. A semana foi promovida com um pacote especial de uma agencia de viagens de Los Angeles. Tem idéia de quantos moradores daqui estarão naquela praia?

Antes que Demetria soubesse o que estava acontecendo, Selena havia enchido um provador com dezenas de peças que ela teria que provar.

- Você vai voar alto - prometeu a dona da loja.


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  Estava realmente voando alto, mas tudo que queria era por os pés no chão.

- Oh, Joe , havia me esquecido de como odeio voar.

- Dem, essa é a primeira vez que você viaja de avião.

- E a última - ela agarrou os braços da poltrona. Sabia que os dedos estavam tão brancos quanto o rosto.

Havia vencido. Joe não tivera tempo para recuar em sua decisão de acompanhá-la, e lá estavam eles, em um avião, voando para o final. Naquele momento, não se sentia exatamente como uma vencedora.

- Demetria, é só uma turbulência.

- Não acredito em você. E também não acredito no capitão Dave. Aposto que perdemos um motor, ou uma asa, ou algum outro equipamento importante para permanecermos no ar.

- É só uma turbulência - ele repetiu.

- Sim, você e o capitão Dave insistem nessa afirmação. E que tipo de nome é esse, afinal? Capitão... Dave!

- Ele deve ser competente, ou não estaria no comando do avião. - Joe massageou seus ombros, tentando livrá-la da tensão.

Demetria estava apavorada demais para apreciar o contato.

- Competente? O homem esta conduzindo o veículo que vai nos levar à morte!

- Relaxe, Demi. A idéia foi sua, lembra-se?

Odiava aquela confiança inabalável, aquela eterna segurança.

- Isso mesmo, lembre-me de que fui a única culpada pela nossa morte. Assim vai me fazer sentir melhor.

Joe jamais perceberia como ela se esforçara para fazê-lo relaxar antes que ele sofresse uma úlcera ou coisa pior. Jamais saberia como sofria quando via aquela sombra em seus olhos: a expressão era sempre a mesma quando ele pensava em Ashley. E ele jamais saberia, porque nunca diria nada. E nunca diria nada porque estavam voando para a morte. Não teria tempo de uma confissão apaixonada. Joe ergueu as sobrancelhas escuras no que devia ser uma tentativa de demonstrar solidariedade e massageou seus ombros novamente.

- Tudo vai acabar bem

- Bem? Não sei. Mas que tudo vai acabar, isso é certo.

Joe suspirou. Quando Demetria ficava daquele jeito, era inútil tentar argumentar. Certa vez ela se recusara a sair de casa numa sexta-feira treze porque um gato preto atravessara seu caminho no dia anterior. Convencido de que o animal representava um mau pressagio, tentara convencê-lo a também permanecer em casa. Joe rira de sua superstições tolas. Mas Demetria acabara rindo por último, porque naquele dia Joe batera o carro, uma Ferrari que sofrera perda total. Ou melhor, Demetria não rira. Ficara aliviada ao saber que os danos se restringiram ao automóvel, e que o amigo saíra ileso do acidente. Joe segurou uma das mãos tremulas e geladas.

- Tudo vai dar certo - afirmou.

Demetria assentiu, e notando que a tensão crescia, ele chamou a comissária de bordo.

- Pode providenciar uma bebida pra nós, por favor?

- Certamente. O que preferem?

- Suco de frutas - ela pediu

- Com uma dose de vodca - Joe acrescentou

- Não bebo - ela protestou

- Mas hoje vai beber. Lembra-se do que disse sobre piña colada ser a bebida perfeita para um dia na praia? Pois bem, vodca é o drinque perfeito para enfrentar uma turbulência.

Pouco depois as bebidas eram servidas.

- Beba!

- Não quero...

- Não vai sentir o sabor da vodca, e o álcool servira para deixá-la mais relaxada. Vamos, beba.

Resignada, Demetria respirou fundo e provou a mistura.

- Não é tão ruim - opinou

- Beba tudo!

 Dez minutos mais tarde, pediram uma segunda rodada. E depois dela, a terceira. Meia hora mais tarde, Demetria havia recuperado a cor e ria sem parar.

- Qual é a graça? - Joe indagou. Estava acostumado com as repentinas mudanças de humor e o temperamento alegre, mas ela nunca havia se comportado como uma adolescente tola. De qualquer maneira, preferia o riso abobalhado à tensão que o precedera. - O que pode ser tão engraçado?

- Você!

- Eu?

- Sim, você - Demetria ria com se houvesse escutado a melhor piada de sua vida.

- Por que sou tão engraçado? - Sim, preferia vê-la bêbada a presenciar o nervosismo que a dominara minutos antes.

- Oh, você é um homem, e isso o torna engraçado. Nem percebeu que foi enganado para vir nessa viagem comigo.

- Eu percebi. - Desde o inicio compreendera que ela não desejava a companhia de outro homem. Demetria gostava de pensar que o manipulava, e ele era amigo o bastante para deixá-la acreditar nisso. Durante todo o tempo, fingia apenas para compor o espetáculo. Dessa vez... Bem, tirar férias não fazia parte de seus planos, mas havia decidido que talvez Demetria estivesse certa. Precisava mesmo afastar-se de casa, das lembranças que lá residiam. Ashley se fora. Era hora de reconstruir sua vida. De fato, havia passado da hora.

- Está mentindo. Eu o enganei. - Ela soluçou e prosseguiu - Sabe que Chad não comprou os pacotes?

- Não? - Embora houvesse percebido a tentativa de manipulação, em nenhum momento desconfiara de uma mentira.

Demetria continuou rindo enquanto assentia.

- Eu paguei pela viagem. Selena me deu uma gratificação por ter atraído tantas encomendas especiais. Aquele vestido para a estrela da Liga feminina de Basquete foi a maior de todas, a mais vis...visível. Ela transformou a Demetria Lovato em um... uma etiqueta exclusiva da loja.

- Porque mentiu?

- Porque jamais teria permitido que eu gastasse dinheiro com você, embora tenha sido uma oferta especial, porque é mui... muito antiquado. Mas eu sabia que precisava sair da cidade. Então, quando Selena me deu o dinheiro e você concluiu seu caso, soube que estava recebendo um sinal - Ela riu novamente e grandiu o dedo diante do nariz - Sei que não acredita em sinais, mas está errado. Houve um tempo em que também não acreditava na influencia negativa numa 6ª feira treze. De qualquer maneira, nunca perceberá quando foi manipulado, porque é um homem, eu sou uma mulher, e isso me torna mais ardilosa. 


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5 pra proxima...