Capitulo 6
Anteriormente...
- Porque mentiu?
- Porque jamais teria permitido que eu gastasse dinheiro com você, embora tenha sido uma oferta especial, porque é mui... muito antiquado. Mas eu sabia que precisava sair da cidade. Então, quando Selena me deu o dinheiro e você concluiu seu caso, soube que estava recebendo um sinal - Ela riu novamente e grandiu o dedo diante do nariz - Sei que não acredita em sinais, mas está errado. Houve um tempo em que também não acreditava na influencia negativa numa 6ª feira treze. De qualquer maneira, nunca perceberá quando foi manipulado, porque é um homem, eu sou uma mulher, e isso me torna mais ardilosa.
___
Demetria acordou com um ruído estranho.
Alguém estava matando um gato em algum lugar, pensou sonolenta. Por que alguém
haveria de assassinar um pobre gatinho, e por que o faria de maneira tão
ruidosa? Abriu um olho, uma tarefa difícil, porque as pálpebras pareciam estar
coladas. A luz a cegou, mas o barulho a fez ignorar o desconforto. Demetria
abriu o outro olho. Onde estava? Essa era a primeira coisa que precisava
descobrir. E a segunda era quem fazia aquele barulho terrível. Olhou em volta,
notou que estava em um quarto e lembrou... estava de férias em Amore Island...
O que significava que o barulho terrível só podia ser... Joe que estava cantando Opera. Ou tentando cantar Opera. Infelizmente, não estava se esforçando muito. Mesmo
assim, ela sorriu. Joe cantando Opera, ou pretendendo cantar, só podia significar
uma coisa: ele havia relaxado. Por isso montara um plano elaborado, para
afastá-lo do trabalho ajudá-lo a esquecer os problemas. E pelo visto obtinha
resultados positivos. Oh, sim, tinha um divida de gratidão com Chad. Ele
oferecera a desculpa que ela precisava.
Demetria sentou-se, mas voltou a
deitar-se com rapidez espantosa. O que Joe fizera com ela? Lembrava-se vagamente de estarem prestes a sofrer um
acidente aéreo. Joe sugerira um drinque... e tudo começou a ficar confuso a
partir dessa lembrança. Imagens nubladas sobrepunham-se numa sucessão sem
sentido. O rosto da comissária de bordo, o de Joe, Ashley... Ashley? Não. Devia
ter sofrido uma alucinação. Levara Joe para a ilha a fim de fazê-lo esquecer
Ashley. Talvez o avião houvesse mesmo caído e estivesse ferida. Isso explicaria
a dor de cabeça. Concussão. Não, a dor de cabeça devia ser
resultado do excesso de álcool que tomara graças ao incentivo de Joe. Tinha
lembranças confusas de sua chegada ao hotel. Recordava-se de um saguão com uma
cachoeira... Seria possível existir uma cachoeira no saguão do hotel... ou
também teria alucinado essa parte? Demetria examinou melhor o conteúdo da
memória. Fora carregada por Joe. Depois ele havia desabotoado sua blusa... A
dor de cabeça ganhou intensidade e ameaçou roubar-lhe as forças. O que fizera?
Melhor ainda, o que Joe havia feito com
ela enquanto estava embriagada? Espiou sob as cobertas e sentiu-se enjoada.
Gemendo, Demetria fechou os olhos e lamentou as conseqüências da excessiva
ingestão de álcool. Deixara o melhor... bem, não deixara. E nem ele era seu
melhor amigo, ou não seria responsável pelo estado em que se encontrava. A
lamentável tentativa de cantar Opera chegou ao fim, e o objeto de sua reflexão surgiu de trás de uma porta.
-
Ah, está acordada - ele apontou com um sorriso que a desarmou.
-
O que você fez?
Joe franziu a testa.
-
Como assim?
Ela olhou sob as cobertas novamente para
ter certeza do que ia dizer.
-
Combinamos que dormiríamos no mesmo quarto, mas ninguém disse que
ficaríamos na mesma cama. Onde estão minhas roupas, e em que estava pensando
quando... quando.. - Não podia concluir a frase. Pensar no que haviam feito,
nas implicações do incidente para a velha amizade... Era terrível demais para
que pudesse expressar com palavras.
-
Fale, Demi. O que está pensando?
Sentia o rubor que tingia seu rosto e não
podia fazer nada para evitá-lo. O embaraço alimentou a ira.
-
Quando fez o que quis comigo.
-
Não fiz nada do que está insinuando.
-
Fez. Lembro que me trouxe para o quarto e desabotoou minha blusa.
-
Mas não se lembra de ter gritado que era capaz de despir-se sozinha? Nem
de ter unido a ação às palavras?
Sem desvia os olhos dele, Demetria
balançou a cabeça.
-
Nem se lembra de que eu saí do quarto enquanto você tirava a roupa?
Mais uma vez, ela balançou a cabeça.
-
Ou de que retornei meia hora mais tarde e dormi no chão, sobre um
cobertor?
O alívio era como uma onda quente
invadindo suas veias. Ele não... ele não...
-
Desculpe. O problema é que acordei com a sensação de que aquele maldito
avião havia pousado sobre minha cabeça, e tudo era muito estranho... Irreal.
Então descobri que estava nua e...
-
Tudo bem, está perdoada - Joe respondeu com simplicidade. Com muita simplicidade - Por que não toma
ducha e os dois analgésicos que deixei sobre a bancada do banheiro. Quando terminar,
o café já estará aqui.
Pensar em comida fez seu estômago
enfrentar uma turbulência pior do que tudo que havia experimentado no dia
anterior.
- Duvido que eu consiga comer.
- Vai se sentir muito melhor com o
estomago cheio. Confie em mim!
Demetria não acreditava que pudesse
sentir-se bem algum dia, mas não discutiu com Joe.
- Vire-se de costas para que eu possa
correr para o banheiro.
- Certo - ele concordou, olhando para o
oceano além das portas de vidro.
- Não tente espiar - Demetria o preveniu,
enrolando-se no lençol que arrastou para o banheiro.
- Juro que não.
Ela se moveu tão depressa quanto permitia
a cabeça latejante, sem se dar conta de que Joe podia vê-la refletida no vidro. Sua atitude não havia sido de um
cavaleiro, mas não conseguia se conter. Ela fora tão confiante ao longo da
noite! Ainda lembrava da sensação de tê-la nos braços a caminho do hotel, no
táxi e até no quarto, e havia sido uma sensação muito agradável. Pensara muitas
coisas sobre Demetria ao longo dos anos, mas ela sempre fora uma amiga. Uma
donzela que ocasionalmente resgatava no papel de cavaleiro medieval. Nunca
pensara nela como mulher, como alguém com quem pudesse ter um relacionamento
íntimo. Na noite anterior havia percebido que Demetria era uma mulher, e desde
então não conseguia pensar em outra coisa.
Uma hora mais tarde, já sob o efeito do
analgésico e do estomago cheio, Demetria sentia-se viva outra vez.
- O que faremos hoje? - Joe perguntou
Ela estava sentada à mesa ao lado da
janela. A vista do quarto era maravilhosa. Céu azul, água cristalina banhando a
areia branca... Um paraíso à disposição deles.
- A ideia é não fazer nada - disse
- Ninguém pode passar o tempo todo
fazendo nada.
- Eu posso - Sempre tivera a sensação de
que faltava algo nela. Não tinha grandes ambições, nem sonhava ser milionária.
Adorava criar vestido, desenhá-los e até costurá-los, mas nunca imaginara seu
nome nas passarelas de Nova York ou Paris. Estabelecer-se no mercado de LA era
tudo que esperava conseguir. Mas, quando não estava na loja, não só conseguia
ficar sem fazer nada, como apreciava o ato.
- Muito bem, onde vamos fazer nada? - Joe
persistiu, o tom indicando que ainda não a levava a sério.
- Na praia, é claro. De que adianta
viajar a uma ilha paradisíaca e ficar fazendo nada no quarto? - Oh, sim, Joe
aprenderia uma ou duas lições sobre a arte de não fazer nada. Ela estava
trabalhando como um louco desde que Ashley partira, e já era hora de parar. Enquanto ainda podia. Pensar em Ashley a fez franzir a testa. Não só o faria
relaxar, como o faria rir novamente. Tomaria providências para isso.
- Bem, se vamos à praia fazer nada, então
estaremos fazendo alguma coisa - o eterno advogado era incapaz de resistir ao
chamado de uma boa argumentação - Você vai tomar sol, eu vou ler...
- Espero que tenha trazido boa
literatura, porque se tentar levar um único processo que seja para aquela
praia, juro que não serei responsável por meus atos.
- Fique tranquila. Trouxe apenas livros
voltados para o lazer, conforme ordenou, senhorita - Ele a provocava... ria como um tolo e
tentava irritá-la com suas brincadeiras bobas, como se ainda estivessem no
ginásio. E Demetria adorava isso.
- Sorte sua!
- Eu não ousaria desobedecê-la. Notei o
brilho em seus olhos quando anunciou as regras do jogo.
- Eu não anuncio regras. Apenas faço
sugestões... às vezes com veemência. E de que brilho está falando?
- Oh, você sabe! Sempre tem a mesma
expressão quando está determinada a impor seu ponto de vista. De qualquer
maneira, trouxe apenas bons livros e nenhum processo.
- Ótimo, que tipo de livros?
- Contos sobre o velho oeste. - Ele
apontou uma arma imaginária em sua direção e ajeitou um chapéu também
imaginário.
Demetria riu.
- Que autor escolheu?
- John Legg. Ele sempre foi meu
preferido. Mesmo quando está escrevendo sob um pseudônimo, tento encontrar sua
obra. Há alguns anos, não tenho lido nada além de contratos e processos, e por
isso saí procurando pelos livros que havia deixado de comprar.
- Deixou de fazer muitas coisas nos
últimos anos, especialmente nos últimos meses - Percebendo que assumia o tom de
voz de uma mãe severa repreendendo o filho pequeno, decidiu recuar - Mas esta
semana será diferente - Sorrindo, tentou suavizar a voz e conter o impulso de
dar algumas ordens. Joe tinha uma tendência para tornar-se defensivo quando
acreditava estar perdendo o controle - Vamos nos divertir!!
- Vamos?
- Oh, sim! Considere essa semana como um
curso intensivo. A lição de hoje será: Como fazer nada e divertir-se muito com
isso.
- Parece complicado...
- É muito simples. Só exige um frasco de
bronzeador, alguns livros e duas toalhas.
- E os trajes de banho? Por acaso são
opcionais nessa praia?
- Mesmo se fossem nos usaríamos os
nossos.
- Oh... - Joe suspirou desapontado - Você sabe como
arruinar as chances de diversão de um homem.
- Sempre ouvi dizer que é bom manter uma
dose de mistério. Por que não aproveita para olhar as mulheres na praia? - Era maravilhoso. Joe estava brincando,
relaxado e feliz. O plano estava funcionando.
- Quer que eu aprenda a divertir-me, e a
primeira lição será olhar pras mulheres na praia? Uau! Estou começando a gostar
dessa viagem.
- Eu disse olhar, não tocar. Lembre-se de
que este é um hotel para casais, e todas as pernas, e outras partes que quiser
admirar, estarão ligadas não só a um corpo, mas a outro corpo que pertencerá a
um homem.
- Desmancha-prazeres.
- Realista! - Nem sempre fora assim. No
ginásio tivera grandes sonhos. Mas, ao longo dos anos, descobrira que nem todos
poderia ser realizados, e assim também aprendera a aceitar a vida como ela se
apresentava. De repente lembrou-se da etiqueta Demetria Lovato que estaria
esperando por ela quando retornasse das férias. Talvez alguns sonhos fossem
possíveis. Olhou para o homem de cabelos escuros perto dela. Talvez ele se
curasse do rompimento com Ashley, e então outros sonhos teriam uma pequena
chance.
- Ei, você é a pessoa menos realista que
conheço.
- Não sou!
- Demetria, você nunca viveu no mundo
real.
Ela se virou de costas. Era inútil
discutir. Joe sempre a considerara incurável e duvidava de que algo pudesse
mudar esse ponto de vista. Para ser honesta, não desejava mudá-lo. Quem era ela
para negar a um grande amigo o prazer de bancar o cavaleiro medieval?
Permitiria que ele a resgatasse. Joe
nunca enxergara a realidade, e não pretendia explicá-la àquela altura do campeonato. Era quase egoísta. Se ele a resgatasse, ao menos estaria em sua
vida de alguma maneira. Ashley deixara claro que ela não era mulher o bastante
para ameaçá-la. Joe nunca a vira desta forma. Era apenas uma parceira, alguém
com quem podia passar o tempo quando Ashley partia em uma de suas constantes
viagens. E por mais que a atitude de irmão mais velho a incomodasse as vezes, Demi aprendeu a
suportá-la.
- Venha, estamos perdendo tempo - disse
- Pensei que o objetivo fosse justamente
desperdiçar o tempo.
- Na praia. Vamos perder nosso tempo na
praia, está bem?
__
No final da tarde, Demetria olhou-se no
espelho do banheiro. Fazer nada era mais perigoso do que havia imaginado.
-
E então, vai passar a noite ai dentro? - Joe perguntou do outro lado da
porta.
-
Talvez - sentada na beirada da banheira, olhou para as roupas que
deixara sobre a bancada. Não podia vesti-las e também não podia sair dali sem
elas. A nudez da noite anterior havia sido compreensível, mas não pretendia
adquirir o hábito de ficar nua perto de Joe.
-
Não pode ser tão ruim - ele insistiu.
Demetria soluçou e limpou o nariz com um
lenço de papel.
-
É pior!
Olhou para as roupas. Preferia sentir dor
a passar o resto da viagem trancada no banheiro. Não conseguiria vestir o sutiã
sobre a pele queimada de sol, mas a camiseta causou um sofrimento
suportável. Talvez tivesse motivo para ficar feliz com a ausência de certos
atributos. Ninguém notaria que estava sem sutiã, ou sim, que seja. Decidindo
que a calcinha seria igualmente intolerável, vestiu os shorts folgado e
respirou fundo.
-
Usou a loção que lhe deram na enfermaria, Demi?
-
Mais ou menos
-
Como assim?
-
Não consegui alcançar todos os lugares
-
Ah... precisa de ajuda?
Ela abriu a porta.
- Você nem ficou vermelho! - acusou-o
ressentida
- Você sabe que nunca me queimo.
- Não parece justo...
- Vamos, me dê a loção.
Demetria entregou o frasco e virou-se
- Não consegui alcançar o meio das
costas. Espalhei o creme no alto e embaixo, mas nem todo o contorcionismo do
mundo foi suficiente para que meus dedos tocassem a área central. - Erguendo a
metade posterior da camiseta, segurou a outra parte sobre o umbigo.
- Não está usando sutiã?
- É claro que não. Sei que às vezes sou
meio esquisita, mas nunca fui masoquista. Tem idéia do que aquelas alças teriam
feito comigo?
Joe espalhou a loção sobre a pele
queimada e espalhou-a devagar, fingindo não ouvir o suspiro de alivio que
escapou da garganta de Demetria. Devagar, continuou massageando toda a região
avermelhada. Demetria sabia que não suspirava de alivio. Ao longo dos anos,
aprendera a esquecer que Joe era seu ideal de homem, mas em momento como
aquele, tudo era mais difícil. Sentia-se culpada por conta do sentimento. Joe
estava sofrendo, trabalhando como um lunático, e ela se deixava consumir pela
luxúria. Era melhor nem pensar nisso. Todos os outros homens com quem saíra
haviam sido comparados a Joe, e nenhum deles passara no teste. Começara a
desejá-lo no ginásio com a intensidade típica da adolescência. Depois, já
adulta, esquecera a paixão e concentrara-se na amizade. Mas quando as mãos
acariciavam suas costas... Bem, esquecia de esquecer e voltava a arder de
desejo. Droga! Por que tinha de torturar-se daquela maneira?
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5 pra próxima...
COMO OUSA PARAR NESSA PARTE? pode vir postar mais um capitulo, demorou mto, temos que ser recompensadas agora u.u
ResponderExcluirSupimpa! Adorei! Manda mais logo
ResponderExcluirAmando! Está Perfeito! Posta Logo! bjinhoos!
ResponderExcluirSerá que poderia dar uma olhada a um blog de fics jemi?
ResponderExcluirA escritora regressou com nova história e não tem comentários.
É esse o link: historiasdasilvia.blogspot.pt/
Obrigada.
Beijos.
Pq essas autoras de fanfic sempre param nessas partes hein?! Amo sua fic poste logo viu este é o quinto comentário haha
ResponderExcluirAqui é a @Sammy_Lovato do tt