Capitulo 2
Anteriormente...
- Sinto muito. Estavam namorando há quase um ano, não? O que aconteceu?
- Ontem à noite, quando fomos jantar, percebi que éramos incompatíveis.
Joe puxou mais uma tira de cera, e dessa vez Demetria contentou-se com um olhar furioso.
- Por quê?
- Ele também pediu fetuccine.
Estava habituado à lógica distorcida da velha amiga. Era um advogado, e passava o dia todo vasculhando montanhas de argumentos em busca da verdade. Mas, com Demetria, o exame de palavras e frases era sempre mais difícil.
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- E daí?
- Percebi que você teria pedido camarão - ela respondeu.
Nesse ponto ela estava certa. Adorava camarão. Mas o que sua preferência
pessoal tinha em comum com o fim do relacionamento com Chad?
- Não entendi..
- Quando você pede camarão, sempre roubo um ou dois do seu prato. Assim
tenho o melhor dos dois pratos: meu fetuccine e seu camarão. É como quando
vamos ao cinema. Chad nunca comprava jujubas, e eu era forçada a comprá-las
junto com os bombons de licor que eu adoro, e comecei a sentir medo de engordar
muito.
Joe removeu mais duas faixas numa
sucessão rápida.
- Aiiii! Está se divertindo, não é?
- A outra perna - e preparou-se para
a segunda etapa da tarefa. - Em resumo, terminou um relacionamento de um ano
porque Chad pediu o prato errado?
Demetria balançou a cabeça e corou. Joe acostumara-se a muitas coisas ao longo dos anos, mas vê-la ruborizar não
era uma delas.
- Não. Eu rompi o namoro porque, enquanto ele se despedia com um beijo de
boa noite, um beijo patético, devo acrescentar, notei que você não é do tipo
que dá beijos patéticos. Não que esteja pedindo para beijar-me. O fato é que um
dia quero encontrar um homem que beije tão bem quanto você e saiba como
escolher o jantar. Coisas assim...
Joe parou no meio de uma tira de
cera.
- Ei! Acabe logo com isso! Ficar esperando faz a dor parecer ainda maior
e...Ai! Droga! Por que os homens podem ter pernas cabeludas? Não é justo!
- Quando me beijou? - Joe quis
saber, ignorando as queixas. Não se lembrava de tê-la beijado. Fora chutado por
ela, esfolado, arranhado, trancado em um armário de limpeza da escola... Mas um
beijo? Não, um beijo não era algo que um homem pudesse esquecer.
- Joe! Estou ofendida! No laboratório de química. Eu estava no primeiro ano
do curso, você no último... Eu misturava substâncias e meu experimento explodiu.
Desmaiei de susto. Estava lá, caída no chão, e quando abri os olhos você estava
debruçado sobre mim, beijando-me como nos filmes do cinema. Fiquei arrasada,
certa de que não sabia beijar. Quando você foi para a universidade, passei um
ano inteiro praticando, esperando recebê-lo com um beijo de verdade quando
voltasse para casa.
Joe arrancou três faixas de cera sem
parar para respirar.
- Agora está sendo cruel!
- Aquilo não foi um beijo. - Mantendo a voz baixa, tentava livrar-se da
tensão e da frustração - Foi uma técnica de respiração artificial.
Era ofensivo saber que Demetria o julgava capaz de beijar daquele jeito!
Lembrava-se dos rapazes com quem ela saíra durante seu primeiro ano de
universidade, como odiava ouvir os pais dela falando sobre cada um dos
namorados. Demetria jamais os mencionava quando conversavam, e agora entendia
porque. Ela pensava estar praticando...
Demetria o encarou por alguns segundos antes de começar a rir. Momentos
antes estivera soluçando em seu lenço, e agora secava as lágrimas provocadas
pelas gargalhadas.
- Está dizendo que eu passei um ano treinando para saber corresponder
quando fizesse respiração boca-a-boca?
- Demi...
- Imaginava ser a pior de todas, mas Alex Bechet disse que eu era a melhor
que ele já havia beijado. Lembra-se de Alex? Ele beijou metade da escola. Então
compreendi que você me chamava de criança porque era assim que me via. A
criança da casa vizinha. Quase uma irmã caçula. Além do mais, naquela época
você estava com Mandy. Depois foi a vez de Camille, Dulce, Blanda, Ashley... -
Ela parou de falar e fitou-se com piedade. - Desculpe. Enfim, acabei desistindo. No final, fiquei
feliz por não ter continuado com a perseguição. Você é o melhor amigo que uma
garota pode ter. Quem mais iria correr comigo aos domingos?
- Aquilo não é uma corrida. É uma orgia alimentar - E puxou a última faixa
de cera.
- Uau! Nunca mais me esquecerei da dor que senti. É melhor que o resultado
dure seis semanas, como diz a embalagem, ou vou processar o fabricante.
Joe a encarava em silêncio. Demetria
o perseguira? Quando ela se mudara para a casa vizinha, ainda eram jovens
demais para vê-la como uma menina. Era apenas a filha do vizinho. Depois, com o
passar do tempo, tornaram-se amigos. Apenas amigos. E eles ainda eram amigos. Se
Demetria o perseguira, não chegara muito perto. E não insistira muito. Ela
estivera sempre ao seu lado, pronta para ouvi-lo, pedindo sua ajuda,
ajudando-o, embora nem imaginasse quantas vezes seu coração generoso acalmara o
dele, especialmente nos últimos meses desde que Ashley... Melhor nem pensar
nisso. Não queria lembrar. Odiava encarar o fracasso. A longa relação de nomes
que Demetria acabara de citar provava um fato: era um fracasso com as mulheres.
Cinco romances sérios desde o colegial e nenhum deles havia durado. Julgara
ter finalmente encontrado a alma gêmea com Ashley. Planejara casar-se com ela e
formar uma família, mas o sonho morrera.
- Joe? - ela se levantou sorrindo - Vou preparar o jantar - Havia um convite
implícito no comentário. Ou seria um aviso? Contendo um gemido ele pensou depressa. Demetria e cozinha eram coisas que
não combinavam. Demetria e indigestão eram quase sinônimos.
- Já que suas pernas estão lisas e macias, por que não vamos exibi-las em
algum restaurante? Prometo pedir camarão.
O alivio era evidente em seu rosto. Demetria odiava cozinhar.
- Estava mesmo esperando que convidasse. Agora que estou novamente sem
namorado serão muitas as noites que passarei em casa, comendo a comida que faço.
Sabia que isso é um incentivo pra que eu procure logo outro rapaz interessante?
- Posso imaginar.
- Bem, vou mudar a roupa. Não posso sair vestida assim.
- Não... Ei, essa camiseta é minha? - Agora que o problema fora resolvido
Joe retomava o velho habito de provocá-la. Na verdade, irritá-la com a questão
da camiseta tornara-se quase um ritual. Ambos sabiam que ele jamais a teria de
volta. Como se nem houvesse percebido o que usava, ela abaixou a cabeça e
arregalou os olhos.
- Ei, você tem razão. Eu a devolveria agora, mas prefiro lavá-la primeiro.
Na semana que vem você a terá de volta.
Demetria dirigiu-se ao banheiro, e Joe não resistiu ao impulso de acompanhá-la com os olhos, apreciando o
movimento sinuoso dos quadris. Sua velha amiga era uma bela mulher. Ele afastou
o pensamento. Eram amigos há tanto tempo, que estava acostumado com Demetria.
Demetria Devonne Lovato era quase uma irmã. E uma jovem de sorte por não ter
insistido na paixão adolescente. Caso contrário, Joe teria arruinado o relacionamento que tinham
construído. Tinha um jeito todo especial para agir de maneira errada com o sexo
oposto. De fato, ambos tinham muita sorte por não terem ido além de uma simples
experiência de respiração artificial...
4 pra proxima...
quero logo os 2 vendo q se amaaaammmmmmm
ResponderExcluiraguardando o proximo capitulo.
ResponderExcluir*aguardando*
ResponderExcluir"Está dizendo que eu passei um ano treinando para saber corresponder quando fizesse respiração boca-a-boca?" HAHAHHAA ai tadinha.
ResponderExcluirVi meu nome ai ... olha aqui moça vamos conversar LOL
ResponderExcluirOK... DÁ PRA POSTAR?????????
ResponderExcluirAmei a fic!! Esperando ansiosamente pelo próximo capítulo
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